quinta-feira, 10 de maio de 2012

Homenagem Ao Nahud - DRÁCULA, O PRINCÍPE DAS TREVAS



Christopher Lee






O mais popular de todos os personagens da história do cinema chama-se DRÁCULA. Sabia? Tarzan, Sherlock Holmes, Frankenstein, Joana D’Arc e até mesmo Jesus Cristo perdem em popularidade cinematográfica para o príncipe romeno. Segundo o maior banco de dados sobre cinema do planeta, o Internet Movie Database, foram produzidos nada menos do que 1.294 longas-metragens e seriados de TV que apresentam VAMPIROS, sendo que um sexto desse total – exatos 200 filmes – trazem o aristocrata oriundo da Transilvânia como protagonista ou coadjuvante. O primeiro DRÁCULA a assombrar as platéias – inicialmente, numa peça da Broadway, em 1927, e depois nas telas em “Drácula/idem” (1931), de Tod Browning –, Bela Lugosi (retratado por Tim Burton em “Ed Wood/Idem”, 1994), é quase teatral, com movimentos reduzidos ao mínimo. Mesmo assim, a aparição assustadora de Lugosi – descendo uma soturna escadaria no Castelo de Carfax – está entre os melhores momentos das fitas de horror. A imagem de DRÁCULA pintada neste filme, com a luz do talentoso fotógrafo expressionista Karl Freund, fez com que o mundo passasse a associar os VAMPIROS a seres aristocráticos, de olhar hipnótico, com longos caninos brancos, vestidos de negro, usando longas capas esvoaçantes, tementes da cruz cristã e do sol. O sucesso alcançado incentivou o lançamento da série de filmes de baixo orçamento da Universal, que passaria as décadas de 1930 e 1940 investindo em monstros como Frankenstein e a Múmia. Lugosi destacou-se como o primeiro, mas o DRÁCULA mais celebrado do cinema é Christopher Lee. Durante a época célebre da Hammer (produtora inglesa que se especializou em horror e ficção), esse ator britânico metamorfoseou-se no rei dos VAMPIROS em “O Vampiro da Noite/Horror of Dracula” (1958), de Terence Fisher, duramente perseguido por seu algoz Van Helsing (personificado outras três vezes por Peter Cushing). A Hammer restaurou o figurino do clássico da Universal e adicionou sexo, violência e cor – especialmente o vermelho do sangue – à narrativa. O interessante do Conde DRÁCULA de Lee é seu ar ameaçador, auxiliado pela maquiagem impecável e pela voz aguda do ator, que, além disso, tem 1,96m de altura. O ator repetiria sua criação em mais sete filmes. Embora ele odeie o personagem que lhe marcou, o papel para mim estará sempre associado a ele. Hoje, aos 89 anos, Christopher Lee continua trabalhando. Em breve estará em "The Hobbit", de Peter Jackson.

Max Schreck em "Nosferatu" 
Mesmo sendo o mais conhecido, DRÁCULA não inaugurou o vampirismo nas telas. Em 1896, George Méliès produziu e dirigiu o curta “Le Manoir Du Diable”, considerado por alguns como o marco inicial do gênero. Entretanto, a estréia aconteceria mesmo no clássico do expressionismo alemão “Nosferatu, uma Sinfonia de Horror/Nosferatu: Eine Symphoie des Grauens” (1921). Versão não autorizada do romance de Bram Stoker, o Nosferatu de Murnau, semelhante a uma ratazana albina, tornou-se uma das criações mais impressionantes do cinema, na interpretação fantasmagórica e nada sedutora de Max Schreck. Ele faz um zumbi corcunda, esquelético e careca, com orelhas pontudas, dentes incisivos (e não caninos) afiados, dedos longos e ossudos, e um infernal apetite por aranhas e moscas. Um monstro absolutamente repulsivo e angustiado, condenado a viver do sangue de suas vítimas sem conhecer a morte nem o amor. O filme, hoje reconhecido como obra-prima, passou vários anos proibido na Europa, porque usou a trama e os personagens criados pelo escritor inglês, com nomes modificados, sem o consentimento da família dele. As técnicas inovadoras de iluminação, maquiagem, movimento de câmera e cores valeram a Murnau o passaporte para Hollywood. Dez anos depois de “Nosferatu”, surgiu o elogiado “O Vampiro/Vampyr”, do genial Carl Th. Dreyer, baseado em “Carmilla”, de Sheridan de Le Fanu. Com cenas de puro teor artístico, marcou a estréia dos VAMPIROS fêmeas, popularizados depois por Gloria Holden (“A Filha de Drácula/Dracula’s Daughter”, 1936), Elsa Martinelli e Annette Stroyberg (“Rosas de Sangue/Et Mourir de Plaisir”, 1960), Barbara Steele (“A Maldição do Demônio/La Maschera del Demonio”, 1960), Ingrid Pitt (“A Condessa Drácula/Countess Dracula”, 1970), Delphine Seyrig (“Escravas do Desejo/Les Lèvres Rouges”, 1971), Liv Ullmann (“Leonor/Idem”, 1975), Catherine Deneuve (“Fome de Viver/The Hunger”, 1983), Grace Jones (“Vamp – A Noite dos Vampiros/Vamp”, 1985) Elina Lowensohn (“Nadja/Idem”, 1994), Kirsten Dunst e Domiziana Giordano (“Entrevista com o Vampiro/Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles”, 1994).

Catherine Deneuve em "Fome de Viver" 
Desde a explosão do vampirismo cinematográfico – iniciada, em 1956, com “Os Vampiros/I Vampiri”, de Riccardo Freda -, o gênero ganhou consistência, com argumentos criativos e profundidade temática. Os exemplos mais conhecidos, respeitados e imitados desta fase são “Rosas de Sangue”, de Roger Vadim, e a comédia “A Dança dos Vampiros/Dance of the Vampires” (1967), de Roman Polanski. O primeiro, enfatizava o relacionamento lésbico entre vampiras. O segundo, homenageando os clássicos da Hammer, tinha direito a inovações como um VAMPIRO gay e outro, judeu, que não teme a cruz. Depois de uma porção de filmes ruins, entre o trash e o cômico, apareceu em 1979 o belíssimo remake de “Nosferatu”, dirigido por Werner Herzog, com Klaus Kinski, Isabelle Adjani e Bruno Ganz no elenco. Em 1983, “Fome de Viver”, de Tony Scott, encantou muita gente com o casal deVAMPIROS sofisticados e entediados (Catherine Deneuve e David Bowie) e o relacionamento homossexual das divas Deneuve e Susan Sarandon. De lá pra cá, foram lançados outros filmes de VAMPIROS bastante inspirados: o extravagante e refinado “Drácula de Bram Stoker/Dracula” (1992), o mal compreendido “Entrevista com o Vampiro/Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles” (1994) – com dois populares galãs, Tom Cruise e Brad Pitt -, os experimentais “Nadja” e “Os Viciosos/ The Addiction” (1995) e o inovador “A Sombra do Vampiro/Shadow of the Vampire” (2000), provando que essas criaturas soturnas continuam sendo umas das mais eficientes e glamorosos modelos das telas. Creio que sempre haverá lugar para tais mortos-vivos nas narrativas cinematográficas. Assim como eles possuem uma sede interminável de sangue, o público tem sede de VAMPIROS, sempre aguardando atraentes contos visuais sobre estes personagens enigmáticos e multifacetados. Mas, por favor, que não venham padronizados na bizarrice de “Um Drink no Inferno/From Dusk Till Dawn” (1996), nas tolices românticas da saga “Crepúsculo/Twilight” (2008/10) ou nos efeitos apelativos de “Van Helsing – O Caçador de Monstros/Van Helsing” (2004).




"O Vampiro da Noite", de Terence Fisher



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13 VAMPIROS DE REFERÊNCIA


MAX SCHRECK em “Nosferatu, Uma Sinfonia de Horror/
Nosferatu: Eine Symphonie des Grauens” (1921)
de F. W. Murnau

BELA LUGOSI em “Drácula/idem” (1931)
de Tod Browning

CHRISTOPHER LEE em “O Vampiro da Noite/
Horror of Dracula” (1958)
de Terence Fisher

FERDY MAYNE em “A Dança dos Vampiros/
Dance of the Vampires” (1967)
de Roman Polanski

JACK PALANCE em “Drácula, o Demônio das Trevas/
Dracula” (1973)
de Dan Curtis

LOUIS JOURDAN em “Count Dracula” (1978)
de Philip Seville



Kinski e Isabelle Adjani

KLAUS KINSKI em “Nosferatu, o Vampiro da Noite/
Nosferatu: Phantom der Nacht” (1979)
de Werner Herzog

FRANK LANGELLA em “Drácula/idem” (1979)
de John Badham

DAVID BOWIE em “Fome de Viver/The Hunger” (1983)
de Tony Scott



Gary Oldman

GARY OLDMAN em “Drácula de Bram Stoker/Dracula” (1992)
de Francis Ford Coppola

TOM CRUISE em “Entrevista com o Vampiro/
Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles” (1994)
de Neil Jordan

CHRISTOPHER WALKEN em “Os Viciosos/
The Addiction” (1995)
de Abel Ferrara

WILLEM DAFOE “A Sombra do Vampiro/
Shadow of the Vampire” (2000)
de E. Elias Merhige





Bela Lugosi



Postado em 09/06/2011http://ofalcaomaltes.blogspot.com.br/2011/06/dracula-o-principe-das-trevas-sangue-e.html

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