terça-feira, 27 de agosto de 2013

Femme Fatale

Femme fatale ou mulher fatal é um estereótipo muito usado na literatura e no cinema. É a mulher sedutora, que consegue o que quer usando seu poder de sedução sobre os homens. Vejamos um pouco mais sobre esse tema.



Capa da revista Veja de 13 de junho de 2012

A "mulher fatal" existe desde os tempos da deusa suméria Ishtar ou de Dalila seduzindo Sansão. Até mesmo Eva poderia ser considerada uma pecadora, e causador dos males do mundo. Sim, porque a sedução é a arma da "mulher pecadora", segundo uma visão mais cristã. Também entraria nesse rol a mitologia de Morgana, que seduziu o Rei Arthur e concebeu Mordred.

Representação moderna de Morgana

Em 1819, o poeta inglês John Keats (1795/1821) escreveu o poema La Belle Dame Sans Merci, copiando o título de um poema do Século XV, escrito por Alain Chartier (1385/1430). Nele, um cavaleiro encontra a "belle dame" que o encanta e depois desaparece, deixando-o numa espera eterna.

La Belle Dame Sans Merci (1902), obra de Frank Dicksee (1853/1928)

Como se pode ver, a femme fatale é uma figura consistente, presente no imaginário humano há milhares de anos. E há quem julgue essa uma característica boa da mulher, apesar da maioria considerar uma vilania. Se a mocinha era a boazinha, inocente e quase uma criança, a femme fatale seria justamente o seu oposto: a mulher sensual, que tem algum segredo, experiente e sedutora, adulta, sexy. Tudo que os homens mais querem e mais temem. No imaginário criado em torno dessa figura, ela seria capaz de destruir o coração de um homem, fazendo-o escravo. Não é a toa que a Igreja liga a femme fatale às artes demoníacas, à bruxaria, aos sortilégios...

Maitê Proença em cena do filme A Dama do Cine Shangai, de 1987

Mesmo com o "pezinho atrás" da igreja e da sociedade puritana do Século XIX, multiplicaram-se as mulheres "com passado", na literatura (a Dama das Camélias de Alexandre Dumas Filho em 1848, a Lucíola de José de Alencar em 1862, a Capitu de Machado de Assis em 1899), na ópera (a Carmen de Bizet em 1874) e em quadros (Munch, Klimt e outros).

Judith e A Cabeça de Holofernes, 1901, de Gustav Klimt (1862/1918)

Uma mulher que contribuiu para aumentar a mitologia da femme fatale, já no Século XX, foi a dançarina Margaretha Geertruida Zelle (1876/1917). Envolvida, ingenuamente, com teorias conspiratórias e espionagem durante a Primeira Guerra Mundial, ela ficaria internacionalmente conhecida pelo apelido Mata Hari. Tanto que virou tema de filmes sensuais (o mais famoso foi Mata Hari, de 1931, com Greta Garbo):


Com o advento do cinema, no Século XX, multiplicaram-se as femme fatale, também conhecidas como vamps: Theda Bara (1885/1955), Helen Gardner (1884/1968), Louise Glaum (1888/1970), Valeska Suratt (1882/1962), Musidora (1889/1957), Virginia Pearson (1886/1958), Olga Petrova (1884/1977), Rosemary Theby (1892/1973), Nita Naldi (1894/1961), Pola Negri (1897/1987), Estelle Taylor (1894/1958), Jetta Goudal (1891/1985) e outras.

Apolonia Chalupiec, mais conhecida como Pola Negri

A partir dessas precursoras, muitas outras femme fatales apareceram, na cinematografia norte-americana: Myrna Loy (1905/1993), Mary Astor (1906/1987), Gene Tierney (1920/1991), Rita Hayworth (1918/1987), Barbara Stanwyck (1907/1990), Veronica Lake (1922/1973), Ava Gardner (1922/1990), Lana Turner (1921/1995), Alida Valli (1921/2006), Ann Savage (1921/2008). Lizabeth Scott (1922/), Jane Greer (1924/2001), Joan Bennett (1910/1990), Lauren Bacall (1924/) entre outras.

Ava Gardner, um grande femme fatale

As femme fatale dos anos 40 possuíam algumas características:

1) Uma roupa bem cortada:

Lauren Bacall

2) Um cigarro na mão:

Ida Lupino

3) Um olhar misterioso:

Ann Savage

4) Um cabelo complementando o visual misterioso:

Veronica Lake

Visual da Femme Fatale

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